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Carteira total de crédito deve crescer 7% em 2021

A carteira total de crédito no país, já num processo de normalização da demanda por crédito, deve crescer 7% em 2021 na comparação com 2020, segundo expectativa dos bancos.


É o que mostra a última edição da Pesquisa FEBRABAN de Economia Bancária realizada entre 17 e 21 de dezembro. O estudo mostra revisão para cima das projeções em relação ao levantamento anterior, realizado em novembro, cuja estimativa era de crescimento de 6,8% no ano.

“Em 2020, o crédito foi o grande muro de contenção para evitar o colapso da economia e a pesquisa confirma que em 2021 as concessões tendem a continuar estimulando a atividade. A avaliação mais positiva da pesquisa reflete a melhora do desempenho esperado para a carteira com recursos livres”, explica Isaac Sidney, presidente da Febraban.

A expansão do crédito em 2021 será liderada pelo segmento livre de crédito, que deve registrar crescimento na faixa de 9,6%, com 9,9% para pessoas físicas e 9,2% nas concessões para as empresas. Este crescimento acontecerá em cima de uma base já bem elevada por conta do forte desempenho do crédito em 2020, em especial no segmento de pessoas jurídicas.

Em 2021, o crédito direcionado deve mostrar crescimento de 3,4%, em particular no segmento de empresas. A expectativa de retomada/consolidação do mercado de capitais deve contribuir para redução da necessidade de recursos por parte das empresas.

Nas projeções, destaca-se a queda da inadimplência para a carteira livre em 2021 de 4,3% para 4%. Os analistas dos bancos esperam que a inadimplência deve encerrar o próximo ano em nível muito parecido aos 3,8% observado no período pré-pandemia (fevereiro de 2020). Importante lembrar a pronta inciativa dos bancos de fazerem, logo após o início da pandemia, um amplo programa de renegociação/adiamento de parcelas (17 milhões de contratos repactuados), o que gerou imediato alívio financeiro às famílias e empresas.

A Pesquisa FEBRABAN de Economia Bancária é feita a cada 45 dias com instituições financeiras, logo após a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). No mês de dezembro, 16 bancos participaram da pesquisa.

O levantamento tem como objetivo captar as percepções das instituições financeiras sobre a última ata do Copom e as projeções para o desempenho do mercado de crédito para o ano corrente e o próximo.

Em 2020, o crescimento esperado para a carteira total passou de 11,8%, na pesquisa de novembro, para 13,7%. Como a pesquisa foi realizada antes da divulgação dos dados oficiais do Banco Central para a carteira de crédito de novembro, que surpreenderam positivamente ao mostrar alta de 15,6% em 12 meses, as projeções para 2020 consolidadas nesta pesquisa devem ter algum grau de subestimação.

“O desempenho do crédito em 2020 foi extraordinário. Ao contrário de outras crises, quando houve um recuo expressivo nas concessões, desta vez, mesmo com o forte aumento do risco nas operações de crédito, os bancos nunca tiveram uma atuação tão proativa como estão tendo nessa crise. A carteira de pessoas jurídicas, por exemplo, deve atingir o maior patamar da série histórica”, diz Isaac.

A melhora na avaliação do cenário para 2020 é resultado da revisão para cima, especialmente, do crédito direcionado, cuja projeção passou de 8,6% (novembro) para 12,2%. A melhoria de cenário reflete a elevada demanda dos programas públicos para as micro e pequenas empresas, como o Pronampe e o PEAC. Vale lembrar que, até agosto, as pesquisas apontavam crescimento de até 3% da carteira direcionada.

Com relação à carteira com recursos livres, também houve melhora das expectativas, embora mais modesta do que no segmento direcionado. A projeção média da carteira avançou de uma expansão de 13,6% para 14,7%. A alta foi puxada tanto pelos empréstimos destinados para as empresas, cuja projeção passou de uma alta de 20,4% (na pesquisa de novembro) para 21,3%, quanto para as famílias, de 7,8% para 9,2%.

Taxa Selic, Câmbio, Inflação e PIB


Em relação à taxa Selic, uma expressiva maioria entre os respondentes (80%) avalia que a elevação da taxa básica de juros deve ocorrer a partir do 3º trimestre de 2021, com alta de 0,25 pp na reunião de agosto do ano que vem.

A maioria dos participantes da pesquisa (86,7%) acredita que o cenário internacional deve seguir apresentando melhora, beneficiando a moeda brasileira. Para 60% desses analistas, apesar da melhora do quadro externo, o quadro fiscal interno deve inibir novas rodadas de valorização do Real frente ao dólar. Para eles, a moeda brasileira deve permanecer no patamar atual entre R$ 5,10 a R$ 5,20 por dólar no primeiro trimestre de 2021. Já os demais 26,7% esperam que o Real fique abaixo dos R$ 5,0 por dólar no mesmo período.

Apesar da pressão inflacionária recente, a grande maioria dos participantes (93,3%) entende que a inflação não deve ser um problema em 2021. Para 53,3% dos respondentes a inflação deve ficar abaixo da meta estabelecida de 3,75% para o ano. Já 40% acredita que ela deve se manter no centro da meta.

Em relação ao desempenho do PIB em 2021, há algum grau de divisão entre os participantes. Para 46,7%, a atividade deve perder tração, com o crescimento projetado ficando entre 3% e 3,5% no ano. Os demais estão divididos entre os extremos: 26,7% preveem crescimento abaixo de 3% e os outros 26,7% projetam expansão superior a 3,5.

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